domingo, 14 de dezembro de 2008

BIOLOGIA E ECOLOGIA DE AMBIENTES AQUÁTICOS CONTINENTAIS

A ÁGUA
Qualquer forma de vida depende da água para sua sobrevivência e/ou par seu desenvolvimento. A água é o que nutre as colheitas e florestas, mantém a biodiversidade e os ciclos no planeta e produz paisagens de grande e variada beleza. Onde não há água não há vida. A água doce, como fonte primária de recursos para a sociedade moderna, tais como produção de alimentos e atividades industriais, tem sido primordial para o homem, e o estabelecimento das civilizações no decorrer do tempo tem ocorrido principalmente com base em sua proximidade com os corpos d’água.
Embora dependam da água para a sobrevivência e para o desenvolvimento econômico, as sociedades humanas poluem e degradam este recurso, tanto às águas superficiais quanto as subterrâneas. A diversificação dos usos múltiplos, os despejos dos resíduos líquidos e sólidos em rios, lagos e represas e a destruição das áreas alagadas das matas galeria tem produzido contínua e sistemática deterioração e perdas extremamente elevadas em quantidade e qualidade da água. A necessidade da utilização racional dos recursos hídricos torna-se ainda mais evidente, quando se leva em consideração que, de toda água da terra, somente 3% é água doce, sendo que destes, cerca de 75% estão congeladas nas calotas polares e aproximadamente 10% estão reservados nos aqüíferos.
OS ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS CONTINENTAIS
Principal fonte de águas doces no planeta localiza-se no escoamento de águas superficiais. A distribuição destas águas superficiais é extremamente desigual na Terra; mais da metade do escoamento ocorre na Ásia e América do Sul. Portanto, o Continente Sul Americano e o Brasil apresentam uma das maiores reservas de águas interiores do planeta. Os habitas de água doce podem ser convencionalmente considerados em três séries, da seguinte maneira:
1-Ecossistemas de águas paradas, ou lênticos (de lenis, “calmo”): lagos e tanques.
2-Ecossistemas de água corrente, ou lóticos (de lótus, “lavado”): mananciais, riachos e rios.
3-Alagados, onde os níveis de água flutuam para cima e para baixo, muitas vezes, sazonalmente além de anualmente: brejos e pântanos (banhados).
A integridade destes ecossistemas depende da interação com o sistema terrestre, incluindo-se aí a origem, sendo que a diversidade da fauna e da flora das águas continentais esta relacionada com os mecanismos de funcionamento de rios, lagos e áreas alagadas, represas, ciclo hidrológico, variedade de habitats e nichos.
Principais comunidades dos ecossistemas aquáticos continentais
AS MACRÓFITAS AQUÁTICAS

Macrófitas aquáticas ou plantas aquáticas vasculares são todas as plantas “cujas partes fotossinteticamente ativas estão permanentemente ou por alguns meses em cada ano submersas em água ou flutuantes em sua superfície”. Independente de aspectos taxonômicos, vários grupos de macrófitas são reconhecidos. No Brasil, a classificação comumente aceita refere-se a: macrófitas submersas (fixas e livres), flutuantes (fixas e livres), emergentes, anfíbias e epífitas (Fig. 1). Espécies dessas plantas, além de contribuírem para a caracterização de ambientes lóticos e lênticos, podem ser usadas como bioindicadoras da qualidade d’água, na despoluição de ambientes aquáticos, na alimentação animal, no controle da erosão hídrica, na produção de biomassa, na obtenção de biogás, no melhoramento físico e nutricional do solo (fixação de nitrogênio), na redução de turbulência d’água (efeito filtro) e na ciclagem de nutrientes (efeito de bombeamento), podendo ser usadas ainda como adubo e como variável importante no controle de vetores de doenças de veiculação hídrica.

For there are some plants which cannot live except in wet; and again these are distinguished from one another by their fondness for different kinds of wetness; so that some grow in marshes, others in rivers, others eve in the sea...Some are water plants to the extent of being submerged, while some project a little from the water; of some again the roots and a small part of the stem are under the water, but the rest of the body is altogether above it.
Theophrastus (370-285 A.C) in Sculthorpe (1985).


CLAUDIO ROSSANO T. TRINDADE.

Fonte:
Esteves, F.A., 1998. Fundamentos de Limnologia. 2ª ed. Interciência/FINEP. Rio de Janeiro. 602p.
Mitchell, D.S., 1974. Aquatic Vegetation and its Use and Control. Unesco, Paris. 135p.
Pedralli, G., Teixeira, M.C.B., 2003. Macrófitas aquáticas como agentes filtradores de materiais particulados, sedimentos e nutrientes. In: Henry, R. 2003 Ecótonos nas Interfaces dos Ecossistemas Aquáticos. RiMa, São Carlos 394p.
Pompêo, M.L.M., Moschini-Carlos, V., 2003. Macrófitas Aquáticas e Perifiton, Aspectos Ecológicos e Metodológicos. São Carlos-SP. Rima. 134p.
Sculthorpe, C.D., 1985. The Biology of Aquatic Vascular Plants. London: Edward Arnold (publishers) 610p.
Tundisi, J.G., 2003. Água no Século XXI: Enfrentando a Escassez. -SP. RiMa, IIE. São Carlos 248p.
Wetzel, R.G., 1993. Limnologia. 2ª ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1129p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário!